sábado, 16 de agosto de 2014

A "viagem" do Círio!

A “Viagem” recria tradição dos frades - tradição religiosa com mais de 600 anos.

Como manda a tradição, todos os anos a bandeira com a imagem da N.ª Sr.ª da Nazaré faz o percurso entre a Igreja de Santa Cruz e a Igreja Matriz de Ribeira de Frades, que como se comprova pelas fotos, é acompanhada por dezenas de populares. Esta tradição remonta ao “tempo em que os frades que viviam em Coimbra vinham a estas zonas cobrar as dizimas, vinham levantar o arroz, as batatas… e traziam um círio”. É este ato de “ir buscar o círio” que se assume como o ponto alto dos festejos. 

O círio “vai desde Santa Cruz até Taveiro, sempre pela estrada antiga, em direção a Bencanta,
Parreiras, Pé de Cão, Fala, Corujeira, Casais, Taveiro e vai para a Igreja Matriz de Ribeira de Frades”. No final do dia, depois da missa solene e da procissão, regressa pelo mesmo caminho em direção à Igreja de Santa Cruz. Ao longo deste percurso, tanto na ida como no regresso, o círio é acompanhado por muitos devotos que, numa manifestação de fé, fazem desta uma procissão no mínimo singular. 

A freguesia de Ribeira de Frades tem na sua constituição uma forte vertente religiosa, já que, por doação de D. Afonso Henriques, o Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz recebe as terras que hoje constituem esta freguesia.Ribeira de Frades era uma terra exclusivamente agrícola, que atraía os monges, pela abundância dos seus frutos, suporte da sustentação do Mosteiro. Os cereais e legumes fartavam monges e locais, à custa de técnicas de tradição romana utilizadoras do arado e da charrua. Os clérigos, além de exercerem uma ação colonizadora, promotora de repovoamento, eram foco de formação cultural e religiosa. Esta congregação religiosa também deixou a sua influência na freguesia na construção de património, traduzido em residências e casas de trabalho. Deste legado, era ainda visível há pouco tempo o designado “Celeiro de Frades”, onde se podiam admirar grandes talhas de azeite, agora em propriedade particular.Foi no reinado de D. José e D. Maria que apareceram em Ribeira de frades várias famílias nobres, que assumem grandes parte do território. É assim que as Casas Réris, Maris e o Visconde e Marques de Taveiro, além da Marquesa de Tentúgal passam a estender os seus senhorios a esta região. No reinado de D. Maria II, devido ao constante assoreamento do rio Mondego, registam-se grandes modificações no seu leito, passando a margem direita a oferecer mais e ricas terras, o que permitiu o melhoramento da agricultura local. A vizinhança do rio e as melhores condições naturais, tornaram Ribeira de Frades um prospero porto fluvial, onde acorriam em grande número as barcas serranas, embarcações de fundo chato, típicas do rio Mondego. Era através do rio Mondego que se escoavam produtos locais, essencialmente agrícolas e entravam outros fundamentais à vida local, como o sal, vindo da Figueira da Foz, a madeira para a construção e, mais recentemente, a lenha, para os fornos das cerâmicas oriunda de Penacova. Atualmente Ribeira de Frades continua a ser essencialmente uma freguesia rural, onde a agricultura ainda mantém um grande peso na economia local.



































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